sábado, 28 de junho de 2014

Diário de bordo- O pior do melhor

Na última quinta-feira assistimos ao jogo Portugal X Gana no estádio Nacional em Brasília, o Mané Garrincha. A partida, que poderia classificar qualquer um dos dois times para as oitavas de final, acabou sendo um jogo morno, mas dramático para um dos jogadores.

Não sabia para quem torcer. De um lado estava o país do nosso colonizador, do outro um time africano. Explorador X Explorado. Por uma posição implícita a mim era natural que eu torcesse por Gana, mas por outro lado eu torcia por um jogador em especial, e muito especial, que estava do lado Português da força.

Cristiano Ronaldo é um rapaz meio excêntrico, vaidoso, metrossexual, e que aparenta arrogância, mas suas atitudes demonstram seu grande coração e humildade. Além disso, ele é, também, o melhor jogador do mundo de acordo com a Fifa, e o Brasil sabe mais do que ninguém que o que a Fifa diz é lei, o que, entre outras coisas, faz com que o Corinthians tenha oficialmente dois títulos mundiais. Mas com Fifa ou sem Fifa, Cristiano Ronaldo é sim o melhor jogador do mundo e eu queria muito vê-lo jogar, torcia para que ele desse um espetáculo, esperava ser testemunha ocular daquilo que o faz melhor do mundo.

Entretanto, isso não aconteceu. Portugal ganhou, mas sem o brilho esperado. No final das contas fiquei sem uma coisa nem outra, sem ver os africanos vencerem e sem ver o gajo mostrar o que sabe.

Cristiano Ronaldo não jogou como eu esperava por que o futebol é um jogo coletivo e sua atuação dependia do time, que não é lá dos melhores. Ao seu lado não estavam craques como os do Real Madrid, com quem costuma jogar. E isso fez toda a diferença. A seleção Portuguesa dependia mais dele do que o oposto.

Meio pauleado, vindo de contusão, Cristiano ainda tentou jogar. Mas não pôde fazer as belas jogadas que geralmente faz. Quando recebia a bola tentava uma jogada individual, mas ao se ver cercado por três ou quatro ganeses era obrigado a tocar a bola e fazê-la rodar para receber de volta. E ela não voltava. Seus companheiros perdiam a posse ou tocavam errado e quando tentavam devolvê-la não o faziam como receberam, redondinha.

Por um tempo fiquei acompanhando somente ele durante o jogo e era dramático vê-lo não receber a bola como esperava e, portanto, sem poder mostrar o seu melhor. Só abaixava a cabeça. Se eu, como espectador, estava com raiva, imagine o CR7.

Fez um gol, mas nem nesse momento máximo, comemorou. Voltou andando para o meio de campo sem dizer “eu to aqui”, sem dizer nada. Fez isso por que sabia que sua equipe permanecia eliminada e mesmo um time que conta com o melhor do mundo tem seus dias ruins.

É Cristiano, o mundo é injusto. Até mesmo com os melhores.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Diário de Bordo- O futebol é um esporte bobo

Isso que diz o título é verdade. O futebol é, resumidamente, um esporte que se joga na grama com 11 pessoas de cada lado com uniformes distintos e ganha a equipe que mais vezes colocar a bola no retângulo que o adversário deve proteger.

Mas, vamos reduzir alguns outros esportes às formas bobas de encará-los.

Boxe: dois seres vestindo calção e luvas golpeiam com as mãos um ao outro com o objetivo de derrubá-lo.

Esgrima: duas pessoas com uma “espada” em mãos tentam encostar a arma no outro humano sem que seja encostado.

Golfe: Usando um taco os terráqueos tentam colocar uma bola dentro de um buraco com o menor número de toques possíveis.

A lista poderia prosseguir, mas vamos ficar por aqui. A questão é que qualquer esporte, até os mais refinados (leia-se, aqueles que envolvem mais dinheiro), podem ser vistos como esportes “bobos”.

Mas, antes de mais nada, o esporte deve ser visto como um esporte. É uma diversão. É catarse. É emoção. É identificação. É tudo. É nada.

O futebol, como todos os outros é um esporte e não deve ser encarado como algo “sério”. As pessoas que levam o esporte a sério demais são aquelas que acabam indo ao estádio e tornando a diversão em algo realmente sério ao usar aquilo como pretexto para xingar, discriminar, bater ou até mesmo matar alguém.

Como pode ser visto na Copa do Mundo de futebol, este esporte é uma paixão mundial. Mas no Brasil ele representa o mais verdadeiro amor. Em nosso país a invenção inglesa encontrou solo fértil para prosperar. Solo de asfalto. Solo de terra. Solo de areia. Solo da sala de casa. Solo que se casa com a sola de qualquer pé. Sola que calça chuteiras, que calça tênis velhos, sola descalçada pelo chinelo usado para ser trave. Solo de onde nasceram muitos craques, que por aqui ficaram ou que foram para a Europa servir de pé de obra para times endinheirados.

Eles são menos brasileiros do que nós? Não. Você não iria? Deixaria de realizar o seu sonho profissional? Não gostaria de morar no velho continente e ganhar muito para fazer o que gosta? Eles também “sofreram” por não ter em nosso país estruturas que suportem o tamanho do seu talento. São nascidos aqui, criados aqui e são eles quem nos representam quando pisam nos gramados tratados da Europa. “Ame-o ou Deixe-o”? Aaaaaaaaaaaah...

Eu sou tão brasileiro quanto o Pelé. Que é tão brasileiro quanto o atendente da lanchonete. Que é tão brasileiro quanto Ronaldo. Que é tão brasileiro quanto o cobrador de ônibus. Que é tão brasileiro quanto o Diego Costa. Não, o Diego Costa não (embora não ache errada sua decisão), mas enfim...continuando...o cobrador é tão brasileiro quanto o David Luiz. Que é tão brasileiro quanto o policial. Que é tão brasileiro quanto o Thiago Silva. Que é tão brasileiro quanto o presidiário. Que é tão brasileiro quanto o Neymar, esse brasileiro que faz lances espetaculares com a simplicidade de quem brinca com uma bola qualquer em um campo qualquer em qualquer canto desse país.

Na última segunda-feira pudemos vê-lo jogar. A menos de 20 metros estava essa peça rara que é como nós, nascido nessa terra de todos. Um menino gigante que joga esse esporte bobo, mas que representa esse divertido amor.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Diário de Bordo- Os argentinos Parte II

Nos dias em que recebemos no Brasil a visita dos argentinos vimos mais deles até mesmo do que quando visitamos o país vizinho. Na ocasião eu, o Gordo, o Michel e o Guille fomos até lá mais uma vez movidos pelo futebol. Em 2009 assistimos um Brasil x Argentina na cidade de Rosário. Era a nossa primeira viagem internacional e o primeiro jogo do Brasil que veríamos. Já estávamos ansiosos por todos os fatos que envolvem esse clássico Sul-Americano, mas um imprevisto tornou o jogo ainda mais marcante do que poderíamos prever.

Apesar de o jogo ser em Rosário nós estávamos hospedados em Buenos Aires e para ir até o jogo tínhamos uma van. Quando chegamos na cidade que receberia a partida percebemos que o jogo não seria somente no estádio, mas começava nas ruas, com a torcida argentina vibrando em cada esquina com seus cantos fervorosos, enquanto nós, dentro da van, nos escondíamos com a camisa do Brasil (exceto eu, que vestia Corinthians).

Tentando disfarçar nossa brasilidade colocamos blusas por cima das camisetas. O motorista nos deixou um pouco longe da nossa entrada. Conseguimos o ingresso do Gordo em um local próximo ao nosso e tentamos encontrar nosso portão, mas curiosamente não vimos nenhum brasileiro no trajeto.

Quando fomos entrar no estádio do Rosário Central a “revista” foi um pouco fora do comum. Ela não existiu.

O Michel, que estava na minha frente, levantou os braços, como geralmente fazemos nos estádios brasileiros, e o segurança apenas balançou a cabeça e o mandou passar sem nem encostá-lo. Na minha vez eu fiz o mesmo e ele, com um sorriso, apenas exclamou: “¡brasileño né!”.

Chegando ao nosso lugar, percebemos o que havia de errado. Nossos ingressos eram para a torcida argentina.

O lugar onde deveríamos estar era exatamente o oposto de onde estávamos. Fomos conversar com o segurança para ver se poderíamos passar para o outro lado. Quando ele viu a camisa do Michel, arregalou os olhos e disse que deveríamos ir para lá imediatamente.

O estádio era dividido por setores e passamos por todas as barreiras, menos a última. Acreditamos até hoje que nessa última fase, onde eram os camarotes, havia alguém muito importante, Cristina Kirchner, por exemplo.

Cabisbaixos, voltamos aos nossos lugares. Se tínhamos que ficar ali então que fosse.

No intervalo eu e o Michel decidimos comer algo, mas não sabíamos o que, nem como pedir. A estratégia foi ouvir os outros e imitá-los. O Michel ficou na fila e quando chegou sua vez pediu “una hamburguesa”, que o atendente disse que não tinha mais. Com as mãos pediu que esperasse e viu que agora os argentinos solicitavam “un Choripán”. Nesse meio tempo eu, atrás dele, estava agoniado, por que a sua camisa amarela caía por debaixo da bermuda. Voltamos, intactos, aos nossos lugares.

No segundo tempo a torcida argentina se inflamou para empurrar o time. Todos se ergueram nas arquibancadas, menos nós. Uma mão me puxou para que eu também levantasse. Atendi o pedido da mão misteriosa. Quando o Brasil marcou um gol o dono da mão se mostrou e me perguntou: “¿Estás contento, tico?”. Com cara de quem não entende, emiti um “Hã?”. A pergunta se repetiu e bolei um plano infalível. Respondi com um “What?”. Meu plano falhou, mas pelo menos ele deu risada.

Na saída passamos por uma barreira policial que continha os argentinos, em que o Guille quase foi barrado.

Depois de todo o aperto veio o alívio. Estamos vivos até hoje e podemos fazer esta outra grande viagem e assistir muitos outros jogos.

Ah, o resultado do jogo foi 3 x 1 para o Brasil. Pena que não pudemos comemorar.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Diário de Bordo- Os argentinos Parte I

Embora as seleções de Brasil e Argentina não se enfrentem de acordo com a tabela da copa esse embate já aconteceu duas vezes nas ruas brasileiras.

Tanto no Rio de Janeiro quanto em Belo Horizonte a nossa viagem coincidiu com os rumos da fanática torcida argentina. O resultado desse cruzamento foi o de que agora temos muitos novos hermanos e se alguém achava que nós éramos loucos por fazer essa viagem, acredite, nós somos normais perto deles.

Em BH, por exemplo, encontramos um grupo que veio da Argentina tendo somente o carro como moradia. Depois de passar por Rio de Janeiro e Belo Horizonte eles pegaram o veículo após o jogo contra o Irã e foram rumo a Porto Alegre, um trajeto, de acordo com o oráculo, de aproximadamente 1.717 km e quase 23h de viagem. Somente na primeira fase eles irão viajar um total de 64 horas e 4.844 Km.

Eu e o Gordo tentamos convencê-los a deixar uma encomenda em Curitiba, mas eles não gostaram muito da ideia de carregar o Michel, ainda bem, por que a comida feita por ele está salvando a pátria. Ninguém é totalmente imperfeito.

Se existe uma aparente rivalidade entre essas duas nações apaixonadas por futebol nós provamos que a Copa do Mundo serve muito mais para unir nacionalidades do que para separar.

Em nosso encontro frequente com os mullets aperfeiçoamos nosso portunhol e no jogo do último sábado o Negs e o Mimi até pintaram a cara com as cores da alviceleste.

A troca de camisetas também foi um fato frequente. A camisa da Pitanguá irá circular bastante lá pelos lados de Buenos Aires enquanto em Curitiba o azul claro também vai estar presente.

No primeiro jogo do Brasil o Mimi se divertiu tanto com eles que acabou nem vendo o jogo. Enquanto ele os sacaneava pelo até então baixo número de gols de Messi em Copas (Edmilson tinha mais que ele), os argentinos nos ironizavam com o suposto pênalti na partida contra a Croácia e cada faltinha besta no meio campo era motivo para que disparassem um “Penal Brasil”.

Na região da Savassi, em Belo Horizonte, nós praticamente comandamos a torcida Argentina e ao final da música que diz que “Maradona es más grande que Pelé” finalizávamos com um sonoro “só que no”. Também enganávamos eles entoando o canto de “Messi, Messi, Messico, Messico...”.

Embora tenhamos afastado a rivalidade e a transformado em amizade, a nossa conversa sempre ia parar em campo, mas sempre em tom de brincadeira, já que não dá pra levar muito a sério uma seleção que tem apenas duas estrelas, uma a menos que o Pelé.

Se a nossa viagem e a Copa do Mundo são uma grande diversão, encontrar os argentinos é mais um bom motivo para fazermos a festa.

Esperamos vê-los na final, hermanos.

sábado, 21 de junho de 2014

Diário de Bordo- Com vivência

Conviver diariamente com 9 pessoas por um período de 34 dias é difícil. Por mais que sejamos amigos de longa data (desde “pequenininho”, diria o Michel), ainda assim olhar para as mesmas caras dos mesmos caras é algo caro.

Sempre nos demos bem, por isso mesmo nossa amizade é tão duradoura, mas sempre tivemos a opção de não nos ver e todos têm sua própria família.

De certa forma todos nos conhecemos. Sabemos um do outro as manias, os costumes, os sonhos, os jeitos, os vícios e virtudes.

Somos todos diferentes, por que cada pessoa é um universo, mas também somos todos iguais e gostamos das mesmas coisas: gostamos uns dos outros.

Pela correria de cada um a frequência com que nos vemos, por vezes, não é muito frequente. O trabalho, os estudos e todas as outras obrigações acabam fazendo com que pessoas que se amam às vezes estejam afastadas e pessoas que, talvez não se gostem estejam em contato direto todos os dias.

Em nossa viagem não cumprimos os papéis sociais que cumprimos geralmente. Não precisamos ir trabalhar, não voltamos para casa ao final do dia. Nesse período somos somente amigos, irmãos, pais e filhos uns dos outros.

Aqui, com a obrigação da convivência temos tempo para viver as coisas pequenas. Um sorriso, um obrigado, uma conversa, uma(s) bebida(s), um cigarro...Aprendemos um com o outro como jogar poker, cortar tomate e, principalmente, como é ser amigo.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Diário de Bordo- Homens e Mulheres

Somos 10 homens. E todo mundo que conhece pelo menos um homem sabe como somos. Homens são simples. Homens são sentimentais, apesar de não demonstrarem isso, afinal todos devem manter sua aparência de homem. E mesmo entre amigos as aparências devem ser sustentadas.

Aqui em nossa jornada todos têm alguém. Todos têm compromissos com namoradas ou esposas. Até mesmo aqueles considerados solteiros têm alguém com quem se preocupar e alguém que se preocupe com ele.

Embora estejamos todos sempre juntos se divertindo e, por meio de piadas, mantendo a presença de Carlos Alberto de Nóbrega conosco, em algum momento um dos homens se desgarra do grupo e fica sozinho em um canto. É nesse momento em que ele pode demonstrar como realmente é.

Sempre com o telefone na mão o homem utiliza os diversos recursos de comunicação para matar um pouco da saudade de sua pequena e dizer como está por dentro. É o momento do homem macho mostrar que tem seus sentimentos e que não é como realmente aparenta.

Falando baixo ele se permite gritar o que há dentro do seu peito sussurrando frases como “estou com saudade” e “eu te amo”.

Além da falta emocional que fazem as devidas senhoras há ainda o desejo físico, a vontade de matar a saudade carnal. Para aliviar toda essa tensão há também um local específico para isso...

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Diário de bordo- Desviando dos desvios

Nossa viagem foi pensada, planejada e discutida à exaustão. Até que todos os detalhes estivessem resolvidos não paramos de tentar acertá-los. Nos organizamos pessoalmente, profissionalmente e financeiramente para que esse sonho deixasse de ser um sonho. Foram quatro anos desde o surgimento de uma ideia até colocar o pé na estrada. Mas mesmo com todos os planos colocados no papel ainda assim um imprevisto ocorreu.

Contávamos com possíveis erros, mas não esperávamos que fossem efetivamente acontecer. E aconteceu. Em nosso segundo dia de viagem a embreagem do motorhome nos deixou na mão. O problema era mais que um probleminha. O ônibus teve que ficar parado e a solução só veio definitivamente nesta segunda-feira.

Na sexta-feira 13 iríamos ver os jogos na Fan fest do Rio, mas Copacabana acabou ficando longe, Belo Horizonte, mais ainda. Por perto somente uma rodovia e um posto de gasolina.

O Mineirão, onde deveríamos estar no dia 14, estava a 460 quilômetros. O que poderíamos ver daqui era apenas os ingressos em nossas mãos para o jogo Colômbia e Grécia.

Para que pudéssemos chegar mais perto do nosso destino, após uma busca desesperada e calma, o Rafaelzinho utilizou sua influência e entrou em contato com sua secretária, que depois de muito navegar, conseguiu pescar uma locadora de carros e no sábado, às 4h da manhã, estávamos de pé para poder ficar 6h30 sentados e chegar ao jogo.

No caminho encontramos uma parte da torcida Grega e mesmo não entendendo direito o que diziam (parecia que falavam grego), nos identificamos muito com eles, tanto é que o canto que aprendemos - “Ellas olê olê...” - nos acompanhou até a volta para o Rio.

Aparentemente tínhamos um lado definido, mas chegando à BH nos rendemos à imensidão amarela que tomava a cidade.

Nos submetemos também ao encanto do Mineirão. Sempre o víamos pela TV, mas nunca tínhamos nos aproximado. Por não ter tido sua fachada modificada o estádio manteve sua aura e, mesmo com o padrão Fifa, ele continuou o mesmo que sempre vislumbramos entrar.

Diante dos jogos da TV o Negs já tinha comentado, e concordamos, que não parecia que o evento era no Brasil. Nossa percepção não foi a mesma no estádio dos mineiros. Embora toda a estética nos fizesse crer que estávamos na Europa o espírito da torcida Brasileira/Colombiana nos dizia o oposto. Estávamos no Brasil. E aquilo era a copa do mundo.

Arrepiou.

A Colômbia fez jus à sua apaixonada torcida (Público Total: 57.174 / Renda: curiosamente não divulgada). Mesmo com a triste ausência de Falcão Garcia o espírito latino esteve em campo. O resultado se deu com dois gols previsíveis e um golaço. E assim foi, enfim, nosso primeiro jogo da Copa.

Encerrando a nossa brincadeira de criança, encontramos o lendário grupo Molejão na saída do jogo.

Apesar de estar com a alma lavada pela nossa estreia, estávamos tão ou mais exaustos que os próprios jogadores. Famintos, ainda tínhamos pela frente a volta para Rio. Depois de discutir o rumo entre uma churrascaria, o McDonald’s ou um shopping, nosso destino final foi uma pastelaria.

Foi cansativo, mas valeu a pena. Nos divertimos, por que sempre nos divertimos. Saímos do Rio como 10 seres humanos e voltamos uns cacos, felizes, mas em cacos.

Conseguimos contornar todos os problemas, por que mesmo sendo uma diversão, são seguidos os rumos da vida. Ás vezes planejamos, refletimos, calculamos, nos preparamos e, ainda assim, tudo acaba saindo diferente. A solução é usar a habilidade para driblar os obstáculos até chegar ao gol. Até o fim.

A viagem segue. A vida também.

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Pequenos aforismos da copa:

- Viram aqueles cara que iam para Cuiabá e foram pra Curitiba? Erraram por um pouquinho só né! ?

- É, o Cu pelo menos eles acertaram.


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 O que são pontinhos azuis no mar amarelo?


 O dia em que aprendemos a falar grego

Bom é ser feliz com o Molejão

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Diário de Bordo - A Copa do Mundo é nossa

A seleção brasileira pode perder a copa. O Brasil pode perder, e já perdeu, com a corrupção. Mas nós já ganhamos com a Copa do mundo.

Eu ganhei. Mimi ganhou. Gordo ganhou. Rafaelzinho ganhou. Gui ganhou. Guile ganhou. Negs ganhou. Michel ganhou. Teta ganhou. Ganhamos.

Ganhamos com a aproximação ainda maior da nossa amizade. Ganhamos novos amigos (até argentinos). Ganhamos diversão. Ganhamos mais estórias. Ganhamos a vivência que levaremos para o resto de nossas vidas.

A bordo de um Motorhome estamos percorrendo o país para acompanhar a copa do mundo, seus jogos, sua alegria, sua empolgação, seus turistas e toda a emoção que envolve o maior evento esportivo do mundo.

Nossa primeira parada foi no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa. Na fan fest de COPAcabana cantamos o hino entoado por milhares de vozes em todo o país que mostraram que mesmo quando a música “acaba” o sentimento continua. Cantamos com a mesma emoção dos nossos 11 representantes na zona leste de São Paulo.

Acompanhamos a decepção pelo gol de Marcelovick, mas mantivemos a esperança que nos trouxe até aqui. Continuamos acreditando e acompanhando o jogo, menos o Mimi, que encontrou outra atividade mais divertida: ver a cara de bobo dos nossos amigos argentinos.

Eu, por uma causa ainda desconhecida, não estava bebendo nesse dia. Estranhamente estava doente, com uma dor de cabeça, sono, um certo enjôo e uma sede incontrolável.

Os demais, mantendo o nível alcoólico dentro do estimado, viram Neymar fazer seus dois gols e a coroação de Oscar. O merecido gol de quem jogou como jogou, de quem soube unir raça e habilidade, de quem teve a mesma sabedoria de Romário e Ronaldo para, em instantes, fazer todos os cálculos possíveis para colocar aquela esfera de 68 cm de circunferência dentro do retângulo de 7,32m por 2,4m no único local onde ela caberia sem a intervenção do goleiro Pletikosa.

Depois da festa, mais um pouco de festa. Hoje, encontramos a sorte de uma sexta-feira 13 e um problema na embreagem da nossa casa-motor coincidiu com um feriado em Nova Iguaçu. A mesma sorte e dificuldade que há em se fazer um gol de bico durante a Copa. O bico de Romário, de Ronaldo e de Oscar, que coincidentemente ou não, ocorreu nos anos em que fomos campeões.

O ônibus está parado em um posto onde assistimos juntos México x Camarões. O plano era ir à Fan Fest ver Espanha e Holanda. Não sabemos se iremos conseguir, não sabemos como a viagem vai continuar, não sabemos se iremos conseguir chegar a Belo Horizonte amanhã, onde temos um jogo para assistir, mas independente disso continuaremos juntos, tanto no perrengue do ônibus quanto na alegria de acompanhar a copa. Esses 34 dias juntos farão com que a Pitanguá Family se torne cada vez mais uma família.

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Pequenos aforismos de viagem:

- Se o Romário hoje é deputado o Saulo seria presidente.

- Depois da Copa o Tite vai ser técnico da Seleção.
- Ti, Ti, Ti, Te, Te, Te. Viva Tite.