terça-feira, 17 de março de 2009

A princesa

“Cara, saca só que princesinha!”, comentou Renato com seu amigo quando estavam no forró da vila. Ele demorou um pouco mais do que deveria, mas foi conversar com a mocinha. Ao iniciar a conversa sua observação inicial foi confirmada, era mesmo uma princesinha. Seu modo de falar educadamente, sua forma de ouvir com atenção, a voz calma e suave completavam a mocinha de vestido de cetim. Naquela noite ela se tornou a sua princesa.
Para conquistá-la Renato não precisou lutar contra dragões, bruxas ou convencer um carrancudo rei, mas teve que demonstrar um pouco do que não estava acostumado: educação. Renato era daqueles que viviam com os piás da rua e as meninas com quem andava, falava e ficava eram tão piás quanto ele.
Agora deveria ter muita cordialidade com a princesa, que continuou a encontrar depois daquele dia. Sempre que conversavam Renato se esforçava ao máximo para não falar palavrões. Os amigos até comentavam que ele não parecia mais o mesmo. Aumentou até a freqüência com que tomava banho e escovava os dentes.
Os encontros foram intensificados e agora eram no mínimo diários. Se viam sempre depois da Malhação na rua de trás do prédio dele ou na quadra de esportes do condomínio dela. Certa vez conversavam lá quando ela derrubou no concreto duro da quadra o celular que acabara de comprar com seu primeiro salário. O aparelho quicou no chão e antes que batesse pela terceira vez Camila gritou: “Ôôôôôôôôôôô B*****!”.
Renato foi embora espantado e reflexivo. Nunca imaginaria que um dia ela fosse falar um palavrão. Não pensaria nem mesmo que ela poderia conhecer algum. Mal conseguiu dormir pensando naquilo. Será que Camila era apenas uma princesinha de araque?
Continuaram a se encontrar normalmente. Ele achou melhor não comentar. Passado o baque do rapaz ela começou a falar mais e mais palavras de baixo calão. Ele foi se acostumando. Pensando bem era melhor assim. Já estava cansado de se fazer de santo pra ela. Tornaram-se o casal mais boca suja do bairro, mas Camila foi eternamente a princesinha do Renato. Eles casaram, tiveram filhos e viveram felizes pra C******.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Da sério O Rei da Gafe: Ráááááá

No nosso último episódio (cacete, quanto tempo): Mensagem errada, na hora errada, pra pessoa errada, enfim, todo errado.
Hoje: “O cara” dá um susto mal sucedido na pessoa inapropriada.

Sim amigos, nosso super-herói estava desaparecido, mas quando a necessidade pede ele surge com sua imensa cara de pau e sua capacidade de ficar com a face corada em questão de segundos. E mais uma vez o ambiente de trabalho é o palco de suas aventuras.
A sexta-feira estava ensolarada e todos foram trabalhar com a faceirice estampada na cara. Risadas, piadas e animação ditavam o ritmo de trabalho eis que surge a frustração. A chefe, que não desfrutava da mesma alegria, como um cachorro vira-lata chega, dá uma grande mijada e vai embora. Vai embora e a alegria...Não volta mais. Nem a vontade de trabalhar.
Ao longo do dia a enrolação toma conta do ambiente. Duas horas de almoço invés de meia hora. As risadas prosseguiam, mas com um tom de frustração. Também, depois daquela comida de rabo o dia não podia prosseguir naturalmente. Mas ele, o grande, surge para salvar o dia, o final de semana, e devolver o sorriso às carinhas tristes.
Há meia hora para o término do expediente o trabalho é intenso. Intenso mesmo. Como enrolaram o dia inteiro a última meia hora ficou sobrecarregada. Ele e outros três amigos ouvem alguém subindo pelas escadas de madeira. Um deles olha pela janela, abre os braços e faz uma cara de dúvida. Fica por isso.
Todos entranham o fato de a pessoa não ter entrado na sala em que estavam. O intruso fica mexendo na biblioteca, o que dificilmente acontecia sem que falassem com quem lá estava. Nosso paladino estufa o peito e decide averiguar quem era. Melhor: resolve assustar o funcionário que chegou lá e não falou nada. Ele abre a porta rapidamente e grita: “Ráááááá”.
O resultado é inesperado. O susto é maior nele do que no suposto assustado, pessoa esta que ele acreditava ser um funcionário, mas era um visitante desconhecido. A pessoa sentada há cinco metros de distância olha pra ele como quem diz: “O que esse idiota tá fazendo?”. Ele também desfruta do mesmo pensamento quando é questionado por um dos colegas:
- Fogo, o que foi isso?
Ele não soube responder. Passada a meia hora restante de trabalho ele vai embora e envergonhado se desculpa com a visita, que foi embora no dia posterior para Manaus-AM e nunca mais voltou. Não sei por que.

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Aos poucos, mas fiéis leitores:
Desculpem-me amiguinhs bunis. Assim como essa Brasila o meu CÉLEBRO (Sic) só funciona depois do carnaval. Mas assim como o Ronaldo o Di-vag está de volta!!!