terça-feira, 22 de junho de 2010

Zumbis

Não sei como, mas aconteceu. Não sei como foi a contaminação, mas todos agora parecem viver em vão. Todos na cidade viraram zumbis. As ruas estão lotadas durante o dia. Os zumbis vagam com o olhar vago. Tem medo de olhar uns aos outros com medo de acabar morrendo.
Alguns andam vagarosamente, mas a maioria anda rápido, com medo da própria raça. Os olhares se direcionam apenas ao chão. Por não se olharem eventualmente se esbarram, mas jamais direcionam o olhar para quem esbarrou. Falar é praticamente contra a lei.
Reúnem-se em cavernas, mais conhecidas como casas, onde se alimentam e acasalam. Há relatos de que alguns se tornam humanos ao entrarem na tal casa, mas são raros casos. Grande parte se liga a um equipamento chamado TV por meio do qual absorvem diariamente a ordem vigente.
Na noite o medo dos semelhantes se expande. São poucos que não se acolhem na caverna neste período. Os que estão pelas ruas são mais frágeis ou mais fortes. A caça é constante, mas enquanto alguns a fazem de dia outros a fazem somente à noite, período em que acontece a caça em sua forma mais perversa. Os caçadores precisam se alimentar, mas não de sangue como os zumbis comuns, mas sim de um estranho objeto chamado dinheiro.

Guylherme Custódio, 22/06/10 direto da zumbilândia ou simplesmente Curitiba.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A celebração

Os convidados iam chegando. Às vezes aos poucos, sozinhos, outras em bando. Logo iam em sua direção lhe dar um apertado abraço. Alguns ele não via há tempos, outros bebiam junto até ontem e assim como ele carregavam a ressaca consigo. Os amigos chegavam e iam se aglomerando. A maioria nem conseguia entrar no salão, só chegavam, davam uma olhada e ficavam na área externa. Os fumantes aumentavam o morro de bitucas intensamente.
Ele não parava. Pulava toda hora de grupo em grupo. Sua presença era importantíssima para todos. E não gastara sequer um tostão para reunir tanta gente. Em suas festas comumente não iam tantas pessoas. Sem planos, sem convite nem nada conseguiu promover aquela grande reunião.
Com tantos amigos por perto no fundo ele ficava feliz, mesmo carregando a imensa dor por estar no velório da própria mãe.