sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A prisão

A hora não passa. Esse tik tak me deixa louco. Repetitivo, como todos os dias, mas necessário. Sem o relógio não vejo quanto tempo passa realmente, apesar de parecer não passar.

O horário é uma das poucas conexões que tenho com o mundo externo. Lá e aqui o tempo real é o mesmo.

Grades nas janelas e a porta sempre fechada fazem com que muitas vezes não só o meu corpo esteja aqui, mas também meu pensamento. Não consigo pensar lá fora e sou obrigado a me ater aqui.

O carcereiro também deve passar por isso. Ele fica andando pelos corredores olhando aqui pra dentro enquanto nós olhamos lá pra fora. Somente quando estou próximo à janela é que deixo o pensamento sair.

Os demais prisioneiros também ficam como eu, com uma cara de nada. Expressando exatamente aquilo que fazem: nada.

Tanta gente com tanto tempo “disponível” que acabam usando todo esse tempo para esperar o tempo passar.

Demora, mas ele passa... BLÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉH...finalmente tocou o sinal!

É hora do recreio.