quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Bifurcação

Gabriel tinha acabado de chegar ao ponto de ônibus. Ia do estágio para a faculdade. O ponto não estava tão cheio. Como ficou até mais tarde no estágio já tinha passado o horário de pico. Ele estava lá, com a cabeça vazia, divagando sobre tudo o que via e esperando o ônibus para que pudesse se ocupar com algo: ler um dos quatro livros que estavam na mala. Entre os quatro, três estavam lá por que ele deveria ler por conta da faculdade e o outro por prazer. E adivinhem qual Gabriel iria ler? O filho único do prazer. Iria. Não fosse Leonardo chegar.
Fazia muito tempo que não se viam. Eram colegas de escola. Geralmente quando Gabriel encontra alguém com quem sabe que não vai ter muito o que conversar ele finge que não vê, mas nesse caso era impossível. Leonardo estava logo ali atrás no ponto do coletivo. Começaram com aquela velha conversa de quem não se vê há tempos: “E aí? Como vai? O que anda fazendo?”. E justamente por essa conversa que Gabriel começou a refletir sobre o “destino”.
Logo no início do diálogo Gabriel já percebeu a forma leve com que Leonardo falava. Ele parecia estar dopado. Mas não estava. Reconheceria se estivesse. Aquilo, ele acreditou ser fruto do passado. O resultado do tempo em que não se conversaram.
A forma com que falava não foi a única referência de Gabriel para saber que Leonardo havia desviado do caminho. Enquanto ele estava prestes a terminar a faculdade de Publicidade e Propaganda e fazia um estágio promissor em uma grande agência, Leonardo havia parado a escola e atualmente estava fazendo um supletivo, mesmo que sua condição financeira fosse muito maior na época em que andavam juntos. Ainda no meio da conversa Leonardo revelou que estava tomando antidepressivos.
O pensamento de Gabriel se dividia entre continuar a conversar com o velho amigo e refletir sobre as causas, razões e conseqüências do caminho tão díspare. “Mas por quê?” pensava ele. Gabriel e Leonardo estudaram juntos no mesmo colégio. Faziam juntos as cagadas que piás daquela idade faziam. Dentre essas atividades a que mais se destacava na época era o oficio de pixar muros. Inclusive foi Leonardo quem deu o apelido que até hoje chamam Gabriel. Mas é claro que aquilo não se passava de coisa de moleque. Mas parece que enquanto para Gabriel a molecagem passou, para Leonardo evoluiu.
Com ar nostálgico, mas sem comentar, Gabriel lembrou de quando fumavam nos fundos da casa de Leonardo. Mesmo com a mãe dele em casa os dois iam ao fundo da residência, onde havia também uma piscina, e fumavam aquele cigarro no qual pagavam 1 real na carteira inteira. Gabriel ainda fuma alguns cigarros eventualmente, enquanto Leonardo fumou o último Malboro vermelho ao chegar no ponto. Seus dentes estavam claramente amarelados.
No ponto em que Gabriel vai descer os dois se cumprimentam. Gabriel olha para as mãos do velho companheiro e nota que seus dedos estão com as pontas totalmente amarelas. Só pensa uma coisa: “maconha”. Depois que desce continua pensando: “Por quê?”. E continua pensando até hoje.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Cara-Crachá

Usar crachá no trabalho é uma coisa deveras importante, principalmente se tiver seu nome. Sabe comé....às vezes tem só um número, aí você continua sendo “O famoso 0503088” invés de ser “O Gustavo”. E o que o nome significa? Significa que você tem uma identidade dentro da empresa e dá a impressão de que você não é um explorado mas sim uma pessoa importante. Imagine só o CEO (Chief Executive Officer – em português bem claro: o Pica Grossa) quando passa por você dá uma olhadela esperta no crachá e diz como se fosse seu amigo de infância: “Bom dia Gustavo” (ou “Gustavão” dependendo do humor dele). Você estufa o peito e vai trabalhar feliz da vida, chega em casa e diz: “Amor. O Seu Correia é meu amigo. Ele é um cara muito legal” (que nem no filme “Caixa Dois”). Viram só o quão importante é o crachá?
Acho inclusive que as pessoas deveriam andar com crachá pela rua. Aí invés de resmungarem no ônibus um “cença?” diriam “com licença Bárbara?”. Pra mim, por exemplo, seria uma mão na roda (que expressão engraçada né? Qual será sua origem?) por que esqueço freqüentemente o nome das pessoas (até o meu de vez em quando). Aí eu não teria mais o problema de cumprimentar as pessoas com um abraço apertado, virar as costas e ficar tentando lembrar o nome. O problema é que às vezes as pessoas insistem em mudar de cara, aí não adianta muita coisa.

Também seria legal por que ninguém iria te chamar por apelidos idiotas, do tipo “Cabeção”. Outras pessoas que gostam muito do apelido (tipo eu) poderiam colocá-lo invés do nome.
Onde trabalhava até sexta-feira eu não tinha um crachá com nome e foto. Como fiquei pouco tempo por lá não se deram ao trabalho de fazer um crachá pra mim. Assim trabalhei três meses com um crachá que tinha o nome de “Provisório”. E aí como as pessoas me chamavam? Provisório! Nome maneiro né? Isso sim é identidade. A minha identidade era tão forte, mas tão forte que eu tinha até um apelido. É TINHA SIM. “Provi”.

---
Obs: Como me formei não poderia continuar trabalhando como estagiário. Sexta-feira deixei de ser o “Provisório” pra ser definitivamente um desempregado. Tem um emprego pra mim?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Fenomenal

Estou extasiado. Excitado. Exagitado. Exaltado. E todos as palavras que tenha prefixo –Ex e sufixo –ado que tenham significados semelhantes aos dessas. Ainda não acredito. Só vou acreditar o dia que eu ver com os meus próprios olhos ele lá com a camisa 9 fazendo gol e comemorando com a fiel.
O Ronaldo é do Timão! O Ronaldo faz parte do bando de louco!
Isso é a realização do meu sonho de infância. Mas pra mim sempre foi um sonho muito, muito distante. Tipo daqueles que você sonha, mas sabe que é praticamente impossível.
Lá pelos idos de 97 eu era um fã incondicional do Ronaldo. Na época ele estava saindo do Barcelona e indo para a Inter e foi eleito o melhor jogador do mundo pela segunda vez. Nesse período eu tinha 10 anos de idade e vivia uma ronaldomania. Tudo que passava na TV sobre o Ronaldinho (ele não era Ronaldo na época por que não existia o Gaúcho) eu gravava. Todas as campanhas publicitárias que o Ronaldo participava, tipo campanha de vacinação ou anúncios de cerveja, eu ia até o posto de saúde ou até a distribuidora de bebidas pedir um cartaz pra mim, que pendurava na porta do meu quarto.
Depois do Ronaldo nunca fui tão fã de um dos grandes jogadores, tipo melhores do mundo, como o Kaká ou o Ronaldinho Gaúcho. Por ser fã do Ronaldo era inevitável que eu o imaginasse jogando no meu time. E isso era impossível. Mas e não é que o mundo dá voltas e o meu sonho de criança se realizou?
Tá certo...o Ronaldo de hoje não é o Ronaldo de 10 anos atrás. Mas um sonho de criança nunca morre.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Pesquisa fechada ou aberta?

Uma pesquisa divulgada recentemente tem rendido discussão na capital do Paraná. Diz a pesquisa que o Curitibano é o povo que menos faz sexo. E quer saber? Eu concordo plenamente.
A pesquisa explica muitas coisas com relação à população da cidade (e seus respectivos estereótipos). Por exemplo, dizem que o Curitibano é um povo “fechado”. Deveras, o Curitibano é fechado. Se fosse mais aberto faria mais sexo. Tá certo, boa parte das pessoas que moram em Curitiba não são curitibanos, o que me leva a crer que a galera que quer transar vai para outros lugares e o pessoal que prefere manter uma alimentação saudável fica aqui mesmo.
Aliás, foi feito um ranking de fatores que determinam a qualidade de vida em dez capitais brasileiras. Na opinião dos homens Curitibanos o que define qualidade de vida para eles é:
1º Manter uma alimentação saudável.
2º Tempo de convivência familiar.
3º Sexo.
Tá bom. E agora me diz. Do que adianta ter uma alimentação saudável e ficar sem COMER?
No caso das mulheres da capital o sexo aparece em oitava posição. OITAVA POSIÇÃO. Pelo amor de Deus. No que essa mulherada pensa? Quer saber no que elas pensam:
1º Manter uma alimentação saudável (digo a mesma coisa do que para os homens).
2º Tempo de convivência familiar (não vou entrar no mérito).
3º Qualidade do sono (qualquer ser humano sabe que quem transa dorme melhor)
4º Cuidar da saúde (sexo é a melhor demonstração de que se está saudável).
5º Trabalhar no que gosta (sem comentários).
6º Hobby (não tenho palavras e nem forças pra comentar).
7º Convivência social (Quer convivência social mais saudável do que transar?)
8º Sexo (finalmente).
Mas a grande verdade da pesquisa (e o que me faz concordar com ela):
A mulher Curitibana é a que menos diferencia o sexo de amor.
Isso é a mais pura verdade. Dia desses, num churrasco desses, numa conversa dessas um amigo desses comentou com a sua namorada que “o homem quando solteiro tem relações sexuais com qualquer uma” (não exatamente com essas palavras). A frase do rapazote levou a namorada a ficar de cara virada e brabinha até o final da noite. Eles estão juntos ainda (eu acho). O fato é que a moçoila não soube compreender que o homem QUANDO SOLTEIRO tem relações com qualquer pessoa do sexo oposto, mas no momento em que está em um relacionamento mais sério (como era o caso dos dois) isso não acontece.
Enfim....a moçoila ficou braba por que?
Porque ela é Curitibana e como todas as Curitibanas ela não sabe diferenciar sexo de amor e consequentemente não entende como o homem consegue fazer essa diferenciação.
Por essas e outras que concordo plenamente com a pesquisa. E afirmo novamente: as mulheres de Curitiba não sabem diferenciar sexo de amor e não fazem sexo sem envolvimento.
E desafio todas as mulheres que moram, nasceram ou já passaram por essa cidade a me provarem o contrário.