quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A vida cobra à vista

E não avisa quando vem o boleto.

Diferentemente do banco, que avisa e ainda deixa parcelar a fatura. Ou seja, até uma instituição dirigida pelo próprio Belzebu, que presta o serviço de guardar o meu dinheiro e cobrar de mim por isso, é mais simpático.

Mas, mesmo com o comunicado, continuo devendo uma quantia significativa. A advertência não me serviu de prevenção.

Não sei como nem quando vou pagar, mas espero que seja logo, para poder me endividar novamente.

Empréstimo está fora de cogitação.

Hoje em dia nem as mulheres andam solidárias. Nenhuma delas anda disposta a me emprestar a sua vulva para que eu tenha alguns minutos de prazer. E são só alguns minutos mesmo, pois tenho ejaculação precoce.

Não preciso de amor. Já o tenho em suas diversas formas, embora ele seja questionado frequentemente por uma das pessoas que amo. A Dona Vera, ou Verônica, deve estar #xatiada por que quebrei a tradição de ir ao seu aniversário sempre com a mesma camiseta desde 2005. Há muito tempo amo a camiseta e amo a Verônica, mesmo que seja só uma roupa e “só” uma amiga.

O traje que usei na festa deste ano comprei durante a minha viagem pela copa, que ainda estou pagando.

Minhas últimas moedas de tempo entreguei ao alcoolismo no final de semana.

Enquanto isso, se acumulam meus deveres universitários. Em minha lista de tarefas tem uma peça, um romance e um artigo para ler. Um trabalho e uma apresentação para fazer e uma análise para escrever. Isso deve ser feito em uma semana e é preciso conviver com as aulas.

Minha situação de pouco tempo e pouco dinheiro se reflete no corpo.

A vaidade está largada à própria sorte. A barba falha me dá um ar de mendigo e meu cabelo se encontra em um estado chamado carinhosamente de “Dread Power”.

Não tenho tempo nem dinheiro para manutenção.

Acho que estou ficando careca. O tempo tira o maior traço da minha identidade.

Me canso de não descansar. Durmo pouco e mal. Acordo atrasado, o que me faz ir de carro ao trabalho, gastando gasolina e estacionamento. Apressado, esqueço a marmita e pago pelo almoço.

Semana passada tive a maior torcicolo de todos os tempos. Até ao médico fui. E você, leitora, caso não conheça os homens, saiba que eles são muito orgulhosos e resistentes para ir ao médico.

Minha chefe falou que preciso praticar atividade física se quiser chegar aos 50.

Se chegar até lá, espero ter lido tudo, feito todos os trabalhos e ter pago minhas contas. Morrer devendo ao coisa ruim não deve ser coisa boa.

No tempo que não me resta escrevo essas coisas nesse blog, que a cada postagem tem seu número de leitores reduzido. Isso é triste, por que para escrever preciso usar a cabeça, objeto que não uso habitualmente.

As eleições acabaram e não tenho mais objetivos, não tenho por quem torcer e não posso mais xingar quem pensa diferente de mim. Por que, sabe, como não uso muito o cérebro não consigo aceitar opiniões diferentes das minhas.

Para piorar toda a situação, meu fone de ouvido estragou só de um lado.

Tá foda.

Se o Corinthians perder pro Coxa eu me mato.



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