quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O ex-poeta

O poeta já não mais poetisa.

Sua esperança morreu e não foi a última, sobrou seu corpo, como testemunha.

Agora virou trabalhador. Anda de carro, bate cartão, não conversa, não olha pela janela, não divaga, não ri e não chora.

Seu olhar poético embaçou. Seu coração empedreceu. Robotizou-se. Desensibilizou-se.

Ele agora só vai. Segue um caminho reto, sem desvios, sem emoções, sem desafios. Não sabe aonde quer chegar. Segue um rumo que o guia na certeza do nada.

Em sua jornada de zumbi o ex-poeta às vezes avista a alma penada da sua esperança, que some assim como seus sonhos.

Antes usada para celebrar, a bebida perdeu seu sentido. Não há nem lamentação e a ressaca já não faz sua parte. Não tem mais mágoas para afogar. Ex-poetas não tem mágoas.

O ex-poeta não tem motivos para viver, para morrer ou para escr

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