terça-feira, 16 de agosto de 2011

A lobisomem

Algo a atrai para fora. Sentia-se encalorada e o chamado constante parecia mais forte. Mas não sairia de casa sozinha, a esmo. No princípio não sabia o que era, mas em uma noite dessas descobriu: era a lua. Lua cheia.

Não sabia quando começou, mas agora era freqüente. Em noites enluaradas um comichão a atacava. A lua parecia a puxar com uma corda para sair e fazer algo. Se fosse realmente por meio de uma corda que a lua a atraia, havia um gancho engatado diretamente na vagina de Josiane. E era justamente lá que seria engatada nessas noites.

Tinha 25 anos. Seus cabelos levemente ondulados iam até o meio das costas. Pele morena, lisa, parecia não ter poros. Seu corpo era belo, não artificialmente como corpos de academia, mas moldado naturalmente. Bochechas minimamente grandes e carregava um eterno sorriso fácil e sincero.

Era reservada, tímida, mas entre amigos se revelava despojada. Tivera apenas um namoro, que pouco durou. Não ficava com qualquer um e não dava entrada para que tentassem. Mas naquelas noites se transformava.

Pela manhã o corpo já agia diferente. Agitada. Quando começava a escurecer olhava para o céu e já estava plenamente decidida: naquela noite iria dar.

Percorria a agenda e localizava o alvo. Começou com aqueles com quem tinha mais intimidade, depois era qualquer um. Ligava e chamava para sair. Ao colocar o corpo para fora a atmosfera lunar parecia sugar toda sua inocência.

Em muitos casos nem saia da frente de casa. Ali mesmo, no carro, atacava o rapaz. Quando conseguia se controlar um pouco saia e posteriormente iam para um motel. Mas tinha sua exigência: motel com teto solar.

Revezava os homens. Caso contrário iriam pensar que ela queria algo sério. Os conhecidos se esgotavam e agora ia com qualquer um. Saia do trabalho e ia para o bar mais próximo. Um rápido olhar era o suficiente para o ataque.

No outro dia nada de telefone, nada de mensagem, nenhum contato. Isolava-se o máximo e refletia por que havia feito aquilo, mesmo já sabendo. Ficava com a consciência pesada, mas logo passava.

Em certa ocasião não conseguiu tranqüilizar-se tão facilmente. Engravidou da lua cheia. Entorpecida de álcool e tesão não lembrava quem foi a vítima.

Numa noite de lua cheia seu filho nasceu. Tinha mais pêlos que o comum. Seu choro parecia um uivo.

3 comentários:

Luiza disse...

Legaaal!!

Anônimo disse...

mais alguem esta lendo. obs, vc não me avisou que estava atualizado.

bjo migo buni

Anônimo disse...

mais alguem esta lendo. obs, vc não me avisou que estava atualizado.

bjo migo buni