Tinha a beleza delicada de uma guerreira
Era séria e arteira
Era tão linda
Mas tão linda
Mas tão linda
Que ninguém acredita
Nem homem
Nem Deus
Nem o Capeta
Sua graça nem cabe na minha letra
Pena
que tinha chulé na teta.
Clichê da Poha
Amor e dor
Rima
E é um clichê da poha!
Na poesia
os opostos se atraem
E isso também é um clichê da poha!
Linguagem automatizada
tão usada
Que não posso dizer mais nada.
Poha!
Violência parte I
Quando violado
vi o lado
do meu violador
Ter sido roubado
era o resultado
do roubo diário dos seus direitos
Mas não vi direito
E matei o filho da puta
Espírito Curitibano
Em Curitiba toda alma é di vina
minha navegação
para na estação tubo.
Tudo no centro é solidão
mas não largo mão
de encontrar algo aqui.
Vou em busca de dois corações
por favor, com catupiry.
Bem me viu quem me vê
Quem me vê assim,
de passagem,
me vê feio,
meio torto,
indo e vindo.
Prometo:
quando morto,
serei lindo.
Violência parte II
A Violência é grátis, é Free, é gratuita
Promoção! Ninguém acredita
Pegue a sua na próxima esquina
Ninguém se esquiva
É a sina da nossa rotina
É possível cheirar (cocaína)
Degustar (sangue)
Ver (Chacina)
Ouvir (gritos)
Sentir na pele a emoção
Ela é Tua, é minha
é nossa senhora
É Aqui, é Agora
A Cidade em Alerta
Aberta
Salve o Brasil, Urgente
O tempo urge na urbe
Ruge o cordeiro
para receio do pastor
A violência é democrática
Ninguém tem paz
Criada pela desigualdade
Tornou todos iguais
É física, é psicológica
É metódica
É cerveja, é vodka
É crack, é no futebol
É na luz da lua e do sol
É na escuridão
É em casa
É na rua
É na escola
É na escolta
É da criança
É do adulto
É de todos
É em tudo
A nossa volta
Deus está com medo
não volta cedo
Onisciente
Onipotente
Onipresente
Presente
Passado
Pressente o futuro?