Com um sorriso esticou a mão e perguntou:
- Quer um doce?
Ela com sua doce timidez apenas balançou a cabeça positivamente.
- Vem cá buscar.
Ela andava devagarzinho, com a velocidade que o tamanho de suas pernas, crescidas ao prazo de apenas quatro anos, permitiam.
A pegou e levou para dentro de casa. Na garagem entregou os doces. Ela tentou sair, mas ele a segurou e colocou no colo, “mas tem que comer aqui”.
Tinha pouca idade, mas na escuridão daquela garagem, naquele momento, passaram-se anos. Não apenas para ela, mas para muitas crianças. Ali perdeu uma parte da infância. Ele, em alguns instantes, perderia a vida.
Uma vizinha viu quando a menina entrou na casa. Não conseguiu avisar a mãe a tempo de evitar, mas avisou. Pegou uma grande faca, que amolara muitas vezes pensando nesta possibilidade. “Se aquele filho da puta chegar perto da minha filha...”.
Chegou à casa do homem. A filha chorava e antes que ele pudesse falar algo cravou a faca no meio do peito. Certeira no órgão que bombeava sangue para o corpo. Morreu antes de poder sentir a frieza da lâmina.
O dia das mães se aproximava e não pode celebrar como planejou, mas não se arrepende. “Se precisasse mataria de novo para que esse pedófilo não faça isso com mais nenhuma criança”.
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Texto tardiamente referente ao dia 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Inspirado na matéria "Mãe de vítima mata a facadas estuprador da filha", do site Bem Paraná no dia 06/05.